Nascida para transportar minério, Estrada de Ferro Carajás, 40, diversifica cargas e dobra de tamanho

Folha de S. Paulo – A EFC (Estrada de Ferro Carajás) chegou aos 40 anos de seu surgimento em 2025 diversificando sua área de atuação, embora com foco no transporte de minério de ferro, e com o dobro da extensão de quando foi inaugurada.

Aberta em fevereiro de 1985 para transportar prioritariamente ferro e manganês da mina de Carajás, no Pará, até o terminal marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, hoje a ferrovia carrega também carvão, combustível, soja, milho e celulose.

Criada com 892 quilômetros de extensão e linha única, hoje a ferrovia operada pela Vale tem quase 1.000 quilômetros de extensão e 90% dela já é duplicada.

A Carajás começou a ser construída três anos antes de sua inauguração, no governo de João Batista Figueiredo (1918-1999), último presidente do regime militar no Brasil, e foi aberta para o transporte de ageiros em 1986, já com o país sob comando do ex-presidente José Sarney (MDB), 95.

Sua capacidade operacional inicial permitia o transporte de 30 milhões de toneladas de minério de ferro, com um trem formado por 80 vagões e três locomotivas.

Hoje, quando preparado para transportar o produto, a composição conta com as mesmas três locomotivas, mas com 330 vagões e tem 3,5 quilômetros de extensão.

Foi assim, conforme João Silva Júnior, diretor de operações da ferrovia, que a capacidade instalada hoje representa oito vezes mais que no início.

Foram transportados no ano ado 192 milhões de toneladas de carga pela Carajás, sendo 176 milhões de toneladas de minério de ferro e 16 milhões dos outros produtos.

A participação de grãos, combustíveis e outras cargas ainda é pequena se comparada à presença do minério de ferro, mas mostra que há possibilidades de diversificar os produtos e atender as regiões Norte e Nordeste do país, na avaliação do executivo.

A base de ativos da Carajás é composta por 297 locomotivas e 24 mil vagões, além de 39 carros de ageiros. É uma das duas únicas ferrovias brasileiras que fazem o transporte regular de ageiros —a outra é a Estrada de Ferro Vitória a Minas, também operada pela Vale.

Nos dois casos, o transporte de ageiros é uma obrigatoriedade imposta pelo governo federal nos contratos de concessões. Dos 39 carros de ageiros, 19 são da classe econômica, 6 são executivos, 9 de serviços, 4 para geradores e 1 vagão social (com serviços, programação cultural e campanhas de segurança).

No ano ado, o trem bateu recorde de usuários, com 423 mil pessoas transportadas entre o Maranhão e o Pará.

OPERAÇÃO DIÁRIA E OBRIGAÇÕES

Como parte do cumprimento da renovação antecipada da concessão, ocorrida em 2020, a Vale terá de entregar até 2030 cerca de 160 obras novas de mobilidade urbana na estrada de ferro, incluindo viadutos rodoviários, arelas e muros de proteção.

Mas, além disso, terá de colocar o trem de ageiros com partidas diárias de São Luís e de Parauapebas (PA), as duas pontas da ferrovia, o que não ocorre hoje.

O Carajás tem atualmente três partidas semanais da capital maranhense e outras três da cidade paraense, com parada para manutenção às quartas-feiras.

Esse cenário deverá mudar a partir do segundo semestre de 2027, com partidas diárias dos dois destinos.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sobre-trilhos/2025/06/nascida-para-transportar-minerio-estrada-de-ferro-carajas-40-diversifica-cargas-e-dobra-de-tamanho.shtml

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